A "Princesse des Étoiles"
Construído pela Consolidated, em 1941, o PBY-5 A "Canso", número de série 21996, percorreu um longo caminho antes de se tornar a "Princesa das Estrelas". Durante a 2° guerra combateu e afundou submarinos na Noruega. Após o término do conflito, seguiu para o Canadá, onde se tornou um avião civil e foi usado como avião transporte, sendo, posteriormente, convertido para combater incêndios florestais. Em 1995, o aparelho foi finalmente adquirido pelo seu atual proprietário, Franklin Devaux. Á partir de então, tem sido empregado em diversos projetos científicos,como a Operação Okavango, exibida pela TV Francesa e no Brasil, pelos canais Discovery e Globo Repórter. Sua aparência - meio avião, meio barco - o torna semelhante ao "La Croix du Sud", o Laté 300 com o qual Mermoz e sua tripulação desapareceram no Atlântico, numa manhã de Dezembro de 1936.
A viagem se inicia no aeroporto de Montaudran, em Toulouse, no sul da França, onde antigamente se localizava a base de operações da Aerospatale e hoje se encontra a linha de montagem da Airbus.
Na cabine, os 2.400 cavalos fazem vibrar os instrumentos de bordo. O número 14 fará parte constante deste início. São 14 horas, do dia 14 de outubro. Patrick Baudry decola de Montaudran com as 14 toneladas da "Princesse des Étoiles" e chama a frequência da torre: "Charlie/Fox/Roméo/Roméo ao controle Montaudran, deixando a frequência, e segue para o Cabo Sul, Málaga, até logo!"
Em Málaga,encontram um céu limpo e um vento de proa de 10 nós. Pequenas nuvens tranquilas flutuam sobre a baía andaluza. Uma grande curva sobre as águas do porto ligeiramente encrespadas. Com sua asa vergada em direção ao espelho das ondas, a sombra do Catalaina descreve uma esteira perfeita sob a luz infinita. Ao sul, em direção ao rochedo de Gibraltar, ao longo das serras espanholas. "Isto já é a África", observa um dos piloto, debruçado sobre a vigia entreaberta.
O velho avião atravessa o céu da Espanha. Ao descer pelas muralhas do Atlântico, percebem-se ao longe, as manchas minúsculas que formam o povoado costeiro de Safi e da Antiga Mazagan.
Os pilotos decidem passar a uma altitude muito baixa ao se aproximar do litoral africano. Pouco depois de Massira, o terreno de Agadir parece afogado em um halo de umidade. Sobre o terraço do aérogare , um comitê de personalidades marroquinas aplaudia a chegada do avião.
No meio da noite, a tripulação se reúne sob as asas do Catalina, único avião sobre o imenso piso vazio de Agadir. Por razões técnicas, o vôo noturno foi cancelado. Reunião na crise e conflito entre os pilotos e os mecânicos. Patrick Baudry fica com raiva. Ele quer, custe o que custar, respeitar o horário previsto. Como manda a tradição, "O correio tem que chegar"...
Continua!
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