Dicta Boelcke

sábado, 19 de setembro de 2009



A Dicta Boelcke consiste nas seguintes 8 regras:

1. Garantir vantagem antes de atacar. Se possível, mantenha o sol atrás de você:


«Vantagens» para os aviões da Primeira Guerra Mundial incluía-se velocidade, altitude, surpresa, desempenho e superioridade numérica.

Velocidade - o piloto com a aeronave mais rápida, tem controle sobre o combate. Ele tem a opção de interromper combate e se distanciar. O caça mais lento, não pode perseguí-lo. O piloto de um caça mais lento deve ficar na defesa. Ele não pode correr para obter segurança. Um avião rápido pode elaborar manobras, dando ao piloto muitas opções. Um caça lento pode fazer pouco além de chafurdar mais ou menos em linha reta. Os motores das aeronaves disponíveis em 1914 e 1915 tinham apenas potência o suficiente para manter as máquinas no ar a 150 km / h, e nada mais. Á partir do nível de vôo, subir a uma altitude superior levava alguns minutos e a velocidade era quase cortada pela metade. Já, no mergulho, por outro lado, acrescentava-a novamente, chegando a velocidade máxima do avião. Em 1916, a potência do motor e a velocidade aumentaram. Até o final da guerra, as aeronaves estavam operando regularmente a velocidades acima de 200 km / h (124 mph).

Altitude - Voando acima de seu adversário, o piloto tinha mais controle sobre como e onde a luta aconteceria. Ele pode mergulhar em cima de seu adversário, ganhando uma vantagem considerável em velocidade para B&Z. Ou, se o inimigo estivesse em vantagem numérica, por exemplo, um piloto poderia escapar após atacar a formação. Em média, os aviões da Primeira Guerra Mundial subiam lentamente. Estar a uma altitude maior não é problema, pois 'armazena energia potencial' para ser utilizada a fugir caprichosamente.

Surpresa - dar o primeiro tiro antes do oponente estar preparado para voltar contra você é o «método mais seguro e preferencial para o ataque. A maioria das vitórias aéreas foram obtidas na primeira passagem. Sem todos os dispositivos como o radar, um piloto podia aproximar-se de seu inimigo furtivamente, com nuvens, neblina ou mesmo usando as próprias asas do avião inimigo ou cauda para esconder a sua abordagem. O brilho do sol, especialmente, é um esconderijo muito eficaz.

Performance - Sabendo os pontos fortes, fraquezas e potencialidades de sua própria aeronave, e de seu inimigo, também é crítico. Quem for mais rápido, quem poderia curvar mais apertado, quantos estavam lá, etc. Se ele não se sentisse "seguro", ele não iria atacar. Um dos alunos de Boelcke's, Manfred von Richthofen, aprendeu muito bem esta regra e tornou-se ás no início da guerra.



Um exemplo documentado de Boelcke "vantagem garantida" teve aplicação prática no dia 17 de setembro de 1916. Boelcke e seus pilotos interceptaram uma formação de bombardeiros e caças inimigo além das linhas. Ele optou por não atacar de imediato, mas manteve sua Jasta acima do bombardeio inimigo, mantendo-se entre os bombardeiros e o sol. Lá, eles esperaram circulando. Quando os pilotos dos bombardeiros, observadores e pilotos dos caças de escolta estavam preocupados com a destruição que eles estavam causando no chão, Boelcke sinalizou para seus pilotos o ataque. Vários aviões inimigos foram abatidos e a Jasta não perdeu nenhum.

2. Sempre continuar com o ataque que você começou:

Pilotos novatos estão afoitos por começar um dogfight, mas o instinto (medo) sempre os convence a romper e correr. Isso, inevitavelmente, dá de presente a cauda do avião ás armas de seu oponente, fazendo com que o novato torne-se uma vitória fácil para o inimigo. Boelcke aprendeu que era muito melhor ficar e continuar movendo-se - à espera de que seu adversário cometa erros ou fuja - do que brecar e correr. Como exemplo, quando Manfred von Richthofen encontrou o ás britânico Lanoe Hawker em novembro de 1916, cada um persistiu na tentativa de chegar na 6 do outro. Quando o combate os touxe para muito baixo, atrás das linhas alemãs, Hawker teve de escolher entre aterrisar; ser capturado ou fugir. Ele escolheu fugir. Richthofen foi então capaz de chegar á 6 dele e derrubá-lo.



3. Apenas atire a curta distância, e só quando o adversário estiver na sua mira:

Um desejo dos novatos, era atirar ao avistar seu primeiro inimigo.
Tiros em intervalos de 1000m (3280) tem poucas chances de acertar algo. Além do que, o ruído das metralhadoras alertarim o inimigo, dando-lhe tempo para reagir.

As metralhadoras disponíveis para as aeronaves durante a Grande Guerra não foram muito precisas em intervalos mais longos. Acrescente á isso a dificuldade de visada de uma aeronave em movimento, saltando em um lado para outro rapidamente. Boelcke preferiu chegar á 100m (330 pés) ou menos antes de disparar, a fim de acertar mais precisamente. Uma vez que se o barulho das armas for ouvido, a vantagem da surpresa acaba-se, por isso era melhor fazer com que o primeiro tiro fosse eficaz.

Outro aspecto era para economizar munição, foi a limitada munição transportada nos aviões da Primeira Guerra Mundial - geralmente apenas algumas centenas de balas. Isso quer dizer menos de 60 segundos de fogo ininterrupto. Recarregar no ar variou de perigoso para impossível. O desperdício de munição, na esperança de conseguir algo, eventualmente, não era uma opção. Tiros tinham de ser escolhidos com cuidado. No início da guerra, quando o senso de cavalheirismo ainda dominava, alguns homens permitiram que seus adversários se afastassem, se estivessem sem munições ou as armas tivessem emperrado. Já a guerra total não permitiria tais cortesias por muito tempo.




4. Você deve sempre tentar manter seus olhos sobre o seu adversário, e nunca deixe-se enganar por ele:


A primeira parte, "manter seu olho em seu adversário", soa bastante óbvio, mas é necessário ser frisado. No âmbito de um combate aéreo, era fácil perder de vista o seu adversário. A reafirmação desta regra pode ser: Nunca presuma onde seu adversário está ou estará. Se um piloto de 'perder' seu inimigo, a vantagem da supresa fora repassada ao inimigo. Um bom piloto não se deixar distrair por seu adversário. No que diz respeito, não era uma prática incomum dos pilotos em fingir ser atingido, entrando supostamente em um spin descontrolado ou mergulho, a fim de sair de um dogfight que já não estava indo bem. Esta prática era tratada como cavalheirismo entre oponentes. Continuar atacando um inimigo que abandonava a briga, era considerado atitude antidesportiva. Boelcke era reconhecido pelos seus inimigos por não deixá-los escapar, para que retornassem á lutar outro dia. Guerra pela sobrevivência nacional não era esporte. Ele contra argumentou a noção de que: uma vez que um inimigo foge do combate, poder-se-ia seguir em frente.
Se fosse um ardil, o piloto inimigo iria retirar-se no último momento querendo escapar ou retornar ao ataque mais tarde, talvez agora tendo ganhado a vantagem da surpresa. Boelcke queria que seus alunos seguissem o seu adversário até abaixo. Certificando-se de que estavam fora da luta, e retomaria o combate, se necessário.



5. Em qualquer tipo de ataque, é essencial atacar o seu adversário pela 6:

Para acertar um avião era necessário "líderar" o tiro - mirando à frente do alvo para compensar a sua velocidade. Enquanto alguns pilotos foram hábeis em cálculos mentais necessários, tornando-se assim bons atiradores, a maioria dos pilotos era muito menos adepto (inteligente).
A velocidade de um avião em movimento, a velocidade das balas, mais a velocidade e direcção de um alvo em movimento poderia ser muita coisa á considerar, no calor da batalha. Além disso, na perda de deflexão, o alvo poderia cruzar linha de tiro cujas balas eram 50 m (165)mais distantemente. Essa passagem lhe dá menor exposição aos tiros deflagrados.

Ataques HeadOn ou Head-to-tail (chegar pela 6), era necessário pouco ou nenhum cálculo. Atques HeadOn porém, geram uma direta exposição às armas do inimigo. Muito mais seguro e mais eficaz para ter-se um alvo em uma linha de tiro ampla. Isto exigia pouco ou nenhum 'cálculo', e expõem o objectivo há uma maior concentração de fogo.

Por causa da prevalência de ataques pela 6hrs, o design das aeronaves foram adaptadas para permitir o uso de canhões traseiros e criação de bombardeiros maiores.


6. Se o adversário mergulhou em você, não tente contornar o seu ataque, mas voe para enfrentá-lo:

Esta regra está relacionada com a regra # 5 acima. A reação instintiva de muitos novatos é dar a volta e fugir de um atacante se aproximando - em especial num mergulho. Isso simplesmente entrega a sua 6 ao atacante, normalmente com resultados desastrosos. Boelcke ensinou que um piloto têm que adquirir esse instinto. Voltando-se para enfrentar o ataque, poder-se-ia forçar o atacante á defensiva, ou pelo menos manter a situação instável, o que é muito melhor do que entregar "o seu rabo"(*).
Mesmo que subindo reduzisse a velocidade, era melhor trazê-lo ás suas armas do que fugir.

(*) achei melhor manter o padrão do texto heheheh

7. Sempre quando estiver além das linhas inimigas, nunca esquecer onde está sua fronteira:


Se um piloto optou por fugir de uma força superior, ou estava descendo com o avião danificado, é fundamental gastar o pouco tempo que lhe resta indo na direção certa. Esta regra soa como se fosse óbvia, mas Boelcke achou necessário incluir. Muitos pilotos caíram atrás das linhas inimigas porque ficaram confusos e perderam o caminho. Na Primeira Guerra Mundial, a navegação aérea era feita principalmente pela visão. Tomar notas regulares dos marcos, ajudam pilotos há obter suas rotas rapidamente,fazendo a diferença entre segurança e aprisionamento.



8.Dica para Esquadrões: Em princípio, é melhor atacar em grupos de quatro ou seis. Evitem duas aeronaves atacando o mesmo adversário:

No primeiro ano de combates aéreos da Primeira Guerra Mundial, praticamente um affair entre apenas 1x1 combatentes. Os primeiros áses, como Pegoud, Garros, Boelcke e Immelmann, caçavam pelos céus sozinhos. Mais tarde na guerra, contra o grande número de aviões no céu aumentando. Vários aviões de reconhecimento começaram á voar juntos para a proteção mútua, ainda protegidos por caças de escolta. Boelcke reconheceu que os dias de caçador solitário haviam terminado(*). Muitos novatos, no entanto, ainda sonham com a expectativa de entrar em batalhas sozinho como um cavaleiro andante (**), apenas para ser rapidamente abatido por vários inimigos. Boelcke lecionou incansavelmente seus alunos sobre a necessidade de trabalho em equipe - às vezes repreendendo-os para atuarem também de forma independente. Atacando em grupo permite-se que o líder concentre sua atenção exclusivamente sobre o alvo, enquanto a sua 6 é protegida pelos alas.

Batalhas aéreas mais tarde na guerra poderiam envolver dezenas de aeronaves de cada lado, ao mesmo tempo. O céu poderia tornar-se um emaranhado de aviões. Quando o 'seu' lado estava em desvantagem numérica, era especialmente importante atacar duplamente um adversário. O fogo concentrado foi de valor duvidoso, já que tinham a mesma probabilidade de atingir um ou outro tentando atingir o inimigo. Deixando também algum inimigo despreocupado e livre para a 6 de algum avião de sua equipe. Mais tarde na guerra, o trabalho em equipe tornou-se a chave principal para o sucesso e sobrevivência (***).

(*) e ainda há pilotos virtuais que tentam ser lone-wolf. Isso acabou em 1916 gente.
(**) até parece mulher pensando assim!
(***) já falei que estas regras eram de 1916?


Esta foi a "Dicta Boelcke", ainda utilizada atualmente.
Na próxima edição, a versão de Hartmann...

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